Esta carta é para ti, mãe. Não para a minha mãe, não para a minha mãe do agora. Também a minha mãe já foi esta mãe, a quem dedico esta escrita. E deixem que vos diga… não sinto saudade de quem a minha mãe e eu nos permitimos ser uma…
Se amanhã me dessem tempo para te ver outra vez, não saberia o que vestir. O que dizer, o que sentir. Vestiria o que guardei da tua roupa, talvez. Para que visses que não me desfiz do que te dava forma, cor e memórias. Vou vestir o teu fato de…
Se as histórias são a vida vivida de trás para a frente, isto é uma carta de amor. Escrita por alguém que sente em duas línguas. (Quando se traduz palavras, perde-se o sentido dos sentimentos). Esta carta começa pelo meio, continua no fim e termina no olá. Um divórcio é…
Sentada na cadeira ripada de metal, na varanda que admira a calla St. Elia, relembro como cá vim parar outra vez. E sozinha. Nem sei o que sinta. Despedi-me do grupo a quem mostrei Malta. Vi-as, uma a uma, a passar a porta de embarque e procurei a minha. Aterrei em…
Pousei o telemóvel e ganhei tempo. A vida correu devagar. Hey! O querer saber dos outros desapareceu, o querer que saibam de mim também. Vesti o manto da invisibilidade, só existi para mim. O comboio abrandou, o tempo parou e a roda… Essa continuou sem mim. Como esperado e sem…
Aprendi que as minhas palavras escritas se alimentam da angústia, do vazio e da perda de sabor. Raramente se alimentam do bonito. Dei por mim, no outro dia, a reparar no meu mindinho deformado… Porque o obrigo a ser tripé, quando seguro o telemóvel em mãos. Dei por mim, num…
A cobardia, nos dias de hoje, desilude-me. Já se cresceu, já sabemos mais e melhor. Espera-se. Entendo por cobardia a escolha consciente de fugir da culpa, do admitir que se errou, que se magoou e mesmo que da coragem não advenha o perdão, o recuar no tempo, o voltar ao…
Encostada à estante de madeira escura, à direita de quem entra na Lello, abri o livro “O Principezinho” e li a primeira frase. Foi ali, protegida da turística barafunda que percebi que este texto, que agora vais ler, é primo do mesmo sentimento que assombrou o Antoine de Saint-Exupéry: fomos…
Um puzzle montado a cru. Sem futilidades ou bernicoques. Julho 2011 O primeiro mestre que conheci foi em 2011. Tinha vinte e um anos e zero interesse em conhecer, perguntar ou entender coisas espirituais. Conheci-o, porque tinha visto o filme “comer, orar e amar” e o meu pai, para agradar…
As pessoas que nos são mais próximas, são as que menos momentos de qualidade vamos partilhar. Momentos e tempo, em geral. As pessoas que nos são mais próximas, são as que seguram o barco quando nos ausentamos. São as cuidam dos nossos animais, bebés, plantas e correios. Não são as…